quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pequena Crônica Cotidiana

Ao entrar no ônibus, mais ou menos umas 11h30, como quem não quer nada, perguntei quanto estava o jogo do Brasil e Argentina para a trocadora que ouvia pelo rádio atentamente os últimos informes: 2x0 Argentina, é mole? Apesar de não entender picas de futebol, alimentei uma rasa conversa com ela e com o motorista durante o caminho. A melhor parte, sem sombra de dúvida, foram os comentários do motorista que dizia que os jogadores não jogam por amor à pátria, mas somente por dinheiro, portanto essa seria a justificativa da perda do jogo. É preciso ter amor a pátria, ele repetia com fervor, eu ouvia apenas o grito dele, que precisava apenas que alguém lhe perguntasse. Talvez quisesse dividir a perda "nacional", precisava de uma boa desculpa para não se sentir um perdedor como os jogadores brasileiros. E como cúmplice, quando o ônibus parou no meu ponto, ouvi a sua voz: colega, não fica chateada por isso não! Não vale a pena.


Veronica do Rio
(pseudônimo plagiado)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Um trem para as estrelas

Cazuza e Gilberto Gil

São 7 horas da manhã
Vejo Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas

Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, alémCom os braços sempre abertos
Mas sem protejer ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas