sábado, 21 de setembro de 2019

Nove anos se passaram para retomar a escrita. Tanta coisa aconteceu que não dá para explicar em uma simples publicação, até porque seria um romance. 

A vida de todos é assim "esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem", disse Guimarães Rosa.

Modestamente, coragem pra mudar o que não estava dando certo sempre tive, mas daí a dizer que foi a melhor opção, sei não. Na verdade a gente nunca sabe, tomamos uma decisão porque nos sentimos sufocados, angustiados, tolidos de autenticidade. Como me sinto agora. 

De manhã, entre um e outro exercício de musculação, meus olhos fixaram-se em um ponto distante, entrei em transe por alguns segundos, a mente parece ter viajado a quilômetros de distância em um frame curto. Voltei. Senti raiva, incômodo, vontade de gritar. Eis-me aqui, atada ao verbo.  

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A exposição é uma morte lenta

Cada vez que me exponho aqui e nas redes sociais eu morro um pouco. Simplesmente deixo de ser eu e passo a ser um passado revisistado por seres virtuais. Na maioria das vezes cito, mostro, apelo para outras vozes, é mais fácil, menos doloroso do que mostrar o meu lado canalha.

sábado, 8 de maio de 2010

A indecência pode ser saudável

(D.H. Lawrence - 1885 ~ 1930)

A indecência pode ser normal, saudável;
na verdade, um pouco de indecência é necessário em toda vida para a manter normal, saudável.
E um pouco de putaria pode ser normal, saudável.
Na verdade, um pouco de putaria é necessário em toda vidapara a manter normal, saudável.
Mesmo a sodomia pode ser normal, saudável,desde que haja troca de sentimento verdadeiro.

Mas se alguma delas for para o cérebro, aí se torna perniciosa:
a indecência no cérebro se torna obscena, viciosa,
a putaria no cérebro se torna sifilítica
e a sodomia no cérebro se torna uma missão,
tudo, vício, missão, insanamente mórbido.

Do mesmo modo, a castidade na hora própria é normal e bonita.
Mas a castidade no cérebro é vício, perversão.
E a rígida supressão de toda e qualquer indecência, putaria e relações assimleva direto a furiosa insanidade.
E a quinta geração de puritanos, se não for obscenamente depravada,é idiota.
Por isso, você tem de escolher.

terça-feira, 2 de março de 2010









Algumas páginas do livro "The end of the print" - projeto gráfico de David Carson
www.davidcarsondesign.com

É incrível como David Carson não foi compreendido nem mesmo aceito por boa parte dos designers. Alguns o criticam pelo fato de não ter uma "formação" acadêmica. Ainda bem, né! Ele inovou a estética gráfica nos anos 1990, quando apresentou a proposta de ilustrar com a tipografia, destituindo-na apenas do papel da legibilidade. Hoje é lugar comum identificarmos essa estética em revistas, sites e demais mídias. Uma obra de arte e de muito talento.

Engavetamento da História



O "Engavetamento da História" trata-se de uma prática muito comum encontrada nas principais universidades brasileiras e estrangeiras. O seu objetivo principal é delimitar o pensamento intelectual em gavetas que podem ser feitas de ferro maciço ou mesmo de plástico transparente. Cada gaveta possui um título que naturalmente confere um sentido específico à prática do historiador. Assim, por exemplo, é possível encontrar gavetas de história política, de história cultural, de história comparada, de história das mentalidades etc.

Acima, vocês podem conferir a propaganda de tal prática que vem sendo divulgada aos interessados em ingressar neste maravilhoso espaço do saber universal, denominado vulgarmente, a Universidade.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Adeus, Mindlin! Grande homem



Adeus, Mindlin. O que dizer?

Colecionador de livros desde os treze anos, investiu parte do seu patrimônio na formação de uma imensa biblioteca de títulos relacionados à cultura brasileira. Além de colecionar, o bibliófilo também patrocinou a publicação de fac-símiles de fundamental importância para a história do livro e da leitura no Brasil. Tais como, a revista literária modernista Revista de Antropofagia (1975), neste projeto Mindlin teve a preocupação de reproduzir as edições de 1928 e 1929 e conta também com uma introdução de Augusto de Campos. Outra contribuição de Mindlin foi o fac-símile do manuscrito de O Quinze (2008), obra da escritora Raquel de Queiroz. O manuscrito, de 78 anos, pertencia ao acervo do bibliófilo. O projeto editorial e a apresentação gráfica ficaram a cargo da arquiteta Diana Mindlin. Os dois volumes impressos, com apresentação do bibliófilo José Mindlin foram distribuídos gratuitamente nas bibliotecas, universidades e colecionadores.

O original de O Quinze foi tido durante muitos anos como desaparecido, José Mindlin conseguiu comprá-lo de uma pessoa que somente o vendeu com o compromisso de que seu anonimato fosse mantido. E mais: que apenas depois da morte de Rachel de Queiroz pudesse ser revelada a guarda do manuscrito na biblioteca de José Mindlin. A publicação permitirá a um grande número de pesquisadores fazer estudos com edições mais recentes da obra.

Esta trajetória movida por uma paixão pelo livro e pela leitura nos permite, hoje, ter acesso a obras raras disponíveis na Coleção Brasiliana doada por ele à Univerdidade de São Paulo - USP. O acervo conta com 20 mil títulos entre relatos de viajantes, literatura brasileira e portuguesa, documentos, folhetos e várias primeiras edições de obras importantes.


E voltando a questão inicial, só tenho uma coisa a dizer: obrigada.